Fui tomar conhecimento da flexibilidade das pranchas há cerca de dez anos, com o trabalho desenvolvido pelo shaper brasileiro Fernando Sheena. Grande amigo e mestre, ele faleceu pouco depois disso, praticando kitesurf sozinho nos outer reefs havaianos.

Sheena dizia que os shapers se preocupavam com a curva das pranchas, mas não com a curva que elas teriam depois da flexão com o peso do surfista. Segundo ele, esta flexibilidade é o que realmente define a curva na água, com o peso do surfista em cima da prancha.

Como bom discípulo, dei continuidade ao trabalho e percebi que as pranchas flexionam mais do que os shapers se preocupam. Outro fator fundamental é a deflexão, o retorno da flexão, que o Sheena chamava de estilingada. Isso tudo varia com o material. No caso, o carbono é o material com maior velocidade de deflexão.

Pois bem, fiz três pranchas iguais, do modelo 60 All Around, meu velho conhecido de confiança para todos os dias. Uma de material kevlar, bem flexível, uma de carbono, mais rígida, e uma de kevlar com carbono.

Este foi meu quiver para esta viagem ao Peru, três pranchas do mesmo tamanho, porém com materiais diferentes. O objetivo, claro, era descobrir qual seria a melhor das três. Em parceria com o cinegrafista Irapuã Porto, surfei ondas de até 2 metros na costa peruana.

Como já esperava, a prancha de kevlar, mais flexível, foi muito fácil para manobrar de borda e entrar na parte crítica das ondas. Esse resultado é facilmente perceptível no vídeo, como é mais fácil surfar com a kevlar. Mas as outras também funcionaram. Que velocidade pega a de carbono, e como joga água.

Não existe melhor nem pior, apenas a escolha a ser feita, com mais ou menos pressão. Sendo que a madeira, material divino, não estava nesse teste. Fica para uma próxima história…

Confira acima o vídeo da session. Para conhecer mais sobre o trabalho do shaper e surfista Guga Arruda, acesse o site Power Light Surfboards.

Por Guga Arruda em 08/08/11

Fonte : http://waves.terra.com.br/surf/noticias/videos/clips/guga-arruda/ensaio-sobre-a-gunzeira